Eu tenho certeza que, se você abrir agora seu feed do Instagram ou de qualquer rede social que tenha um perfil, irá encontrar algum post sobre ansiedade. É, eu também já li muitos. E fiquei cansada de outros, para dizer a verdade. Acho que a gente fala tanto sobre isso que alguns discursos parecem dizer que é um problema sem solução e todo mundo já se acostumou a pensar assim ou a conviver com a bonita.
Também não vou falar sobre o quanto a tecnologia é responsável por isso porque acho que a gente também já sabe. Nem sobre o impacto da quantidade de informação no nosso cérebro. Nem sobre o quanto os nossos feeds deixam tudo efêmero e sem valor, você atualiza a tela e já encontra coisas novas para ver, clicar, se preocupar. Se preocupar. Ah, que maravilha. Como se já não tivéssemos preocupações nossas, não é? Ali recebemos novos problemas, dilemas e notícias para lidar, entender, resolver.
“Quem não é ansioso em 2024?” Nem os líderes espirituais escapam, claro, são gente como nós. Com carne, ossos, sentimentos, tudo. Somos humanos e absorvemos muito do ambiente em que vivemos. Talvez, a questão toda seja sobre o quanto absorvemos dele.
A pessoa menos ansiosa que eu conheço é o meu pai e sempre falo isso para ele. E não, ele não mora em uma fazenda tranquila cuidando dos bichinhos pela manhã e fazendo receitas (minha vida dos sonhos). Nem aposentado ele é, trabalha todos os dias de manhã cedo até de noite, andando para lá a para cá.
Qual o segredo dele? O otimismo, a fé. “Ah, então ele é muito religioso?” Também não. E se você me perguntar de onde eu acho que ele aprendeu viver com essa fé toda, eu te diria que foi durante a juventude, vendo uma quantidade infinita de coisas importantes darem muito errado - aquelas que nós intitulamos sem saída - uma hora acabarem dando certo. O fim virar início, sabe? Uma tempestade que arrasta tudo em volta se transformar num dia de sol forte e céu azul. Um milagre. Acho que nos falta um pouco disso.
Sempre que não vejo luz no fim do túnel, ligo para ele. E você pode pensar que nunca se tratou de um problema tão grande, mas algumas vezes se tratou. E nessas vezes, ainda aprendi com ele sobre não dar uma sentença antes de dar errado. E melhor, sobre eu não ser capaz ou estar apta a dar sentença alguma. Ou até quando já está dando muito errado, não desistir de melhorar o que está ruim. A principal lição que ele me ensinou na vida é que sempre tem espaço para o que é bom.
E o que isso tem a ver com ansiedade? Acho que tudo. Porque, na minha visão, a ansiedade é um conjunto de sentenças que damos para todas as coisas que vivemos. Só sofremos por antecipação porque já temos certeza do sofrimento. Agimos como se tivéssemos garantia de que vai dar errado, não é mais uma dúvida ou uma possibilidade.
Se a possibilidade nos dava medo, então a transformamos em realidade. E, claro, no pior cenário possível. Ou você acha que vamos nos preparar para o melhor? O melhor não precisa de preparo, então vamos nos preparar para o pior porque esse sim pode nos jogar no chão se vier de repente. É isso, bem-vindo(a) à cabeça de um ansioso.
Nos preparamos para o pior e, enquanto isso, sofremos. Entramos em luto por quem ainda está vivo, choramos pela demissão que nunca aconteceu, entramos em pânico pelo diagnóstico que nunca veio, passamos domingos na angústia pela segunda que ainda nem chegou. E que bom que ela chegará, não lamente. Ela é uma boa nova porque só chega para quem está vivo, assim como a idade.
Conheço algumas pessoas que não gostam de fazer aniversário porque dizem que o dia as lembra que estão ficando velhas. E o envelhecimento causa desespero em muitos de nós. Mas ele só chega para os vivos. A comemoração é essa: saber que por mais um ano, mais um mês, mais um dia podemos estar aqui. Nossa caminhada está ficando longa e isso é, definitivamente, bom.
Viver com a ansiedade como dona da nossa vida é encurtar essa jornada pela metade, eu sei, a gente curte muito menos. Então deixa eu te perguntar uma coisa: e se der certo? Você (e eu) que é tão precavido(a), tão preparado(a) para tudo o que pode acontecer na sua vida, está preparado(a) para a notícia boa também? Ou vai ficar perdido(a) se nada do que imaginou acontecer?
A vida demora. A vida só voa para quem não aproveita o tempo em que está pisando enquanto tenta esticar os braços bem longe para alcançar o que ainda está embaçado no horizonte. Os pés saem do chão e ficamos suspensos. Nem lá, nem cá. Entre o que podíamos estar vivendo e o que podemos ou não viver. Se der certo, vai ser bom, você sabe. Então, talvez tenha chegado a hora de começarmos a nos preparar para isso também.
Uma semana longa e cheia de vida para você.
Beijos açucarados,
Mel
Para o seu café da manhã
Panqueca de Banoffee (saudável)
Ingredientes:
2 ovos
2 colheres de sopa de tapioca
1/2 colher de sopa de mel
Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes num bowl até a massa ficar homogênea. Leve-a para a frigideira em fogo médio e espere dourar de um lado, depois do outro. Recheie com fatias de banana, um pitada de canela e 1 colher de doce de leite.
Se fizerem, me contem depois :)
Perfeito!!!